O horizonte em cada um

Numa pequena casa um pobre velhinho sentado em sua cadeira olha despreocupado para o horizonte. Todos os dias religiosamente se colocava nesta atitude de contemplação. Um dia ensolarado chegou até sua casa uma família com algumas crianças, pediam abrigo, comida, roupas ou o que quer que fosse que lhes aliviasse a longa jornada. O pobre velhinho que tão pouco possuía olhou para os rostos de cada um e por um momento sentiu que não poderia lhes ajudar no que pediam e já estava para mandá-los embora, quando a pequena criança segurando a mão de sua mãe olhou para ele e com um gesto lhe segurou as mãos e lhe disse: o senhor é o bom velhinho que Deus me disse que estaria aqui nos esperando para nos acolher? Este gesto tão natural da menina, despertou no velhinho as lembranças de sua vida e os pensamentos que tinha ao olhar para o horizonte. Disse-lhes então que poderiam se sentar e descansar ali ao seu lado e o pouco que tinha para se alimentar poderia repartir, mesmo que pouco coubesse a cada um. Então, todos se sentaram e este dia foi diferente, o velhinho não olhou para o horizonte, mas permaneceu ali observando aquela família necessitada e compreendeu o sentido das palavras da menina. Sentiu-se tocado como nunca fora antes. Os dias que se seguiram não eram mais os mesmos e o horizonte era visto com outros olhos, porque ele havia encontrado o gesto tão simples do sim.